A boca que se cala
Outrem cala quando fala;
Passarinho que me canta,
Que alenta, que levanta
Minh'agitada alma;
Agora, doce e calma.
E eu, calado, fico a ouvir
O silêncio do mundo, turbilhão de pensamentos,
Em meio ao caos da loucura de meus intentos,
Quando me assalta o involuntário sorrir.
E eles não ouvem o passarinho,
Pois evacuam pelas bocas
Dejetos de mentes semi-ocas
E o deixam cantarolar sozinho;
Ó, ingênuo passarinho...
No entanto, passam as horas;
Tardes, noites passam,
Auroras,
E o passarinho lá está,
E suas notas se esvoaçam
Ao mesmo céu ao qual choras,
O mesmo a que ele chorará.
O mesmo a que ele irá sorrir,
O mesmo no qual irá sonhar;
Sonhando com algum dia por vir
Em que seu silêncio dará lugar ao cantar.
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