quinta-feira, 22 de julho de 2010

Céu Azul

Céu Azul,
Cuja luz destrói os pesos que cerravam minha vista
Cujas nuvens dão sustento ao mundo mais utopista
Onde, em sonhos, posso voar, de norte a sul.

Céu, herói da humanidade
Parece até que te confiam
Toda culpabilidade
Aqueles, que não sabiam
Que só davas aos sonhos certa saudade.

Céu,
Onde românticos têm espaço
Para sonharem, sem embaraço,
Sem jamais serem jogados ao léu.

Onde olhares se chocam
Quiçá de onde oriundos
Onde, austeros, todos invocam
Tantos sorrisos por diferentes mundos.

Diferentes visões de um único mundo
Que olhos parecem sequer enxergar
Tudo muda num segundo
Basta olhar para o céu e pensar:

Pensar quantas vezes parou a pensar
E, então, quantas vezes pensou em agir
Pensar quantas vezes parou a pensar
Num modo de pegar seu mundinho e fugir
E, pois, perceber que o mundo está a vagar
Com outros mundinhos, sem ter aonde ir.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Lembrança

Não é que eu não te amasse mais.
Eu smplesmente não suportei mais te amar.
Era fraco, e ainda sou.
Nunca deixei de ser, até hoje.
Talvez essa fraqueza dure só até amanhã, depois pare.
Talvez dure mais um ano.
Talvez eu deixe de querer viver outros sonhos.
Sonhos que não são meus.
Sonhos que eu adotei, apenas por doerem menos.
Talvez eu seja um imbecil, mas nunca fingi não ser.
Tá bom, eu sou um imbecil.
Mas nunca fingi não ser.
Se eu não fosse imbecil, teria dito a coisa certa.
No momento certo, do jeito certo.
Não teria acabado bem, seria horrível igual.
Eu só não seria o imbecil que sou.
Que te ama. Ainda.
Não seria o imbecil que ainda guarda as tuas fotos.
Que prometeu a si mesmo nunca mais abri-las.
Que, quando abre, faz o dia acabar.
Acabar em suspiros, em lembranças empoeiradas nas gavetas...
E aí, vem aquele sorriso fungado, que parece choro.
Que precede o choro.
Mas eu tranco o choro. Tranco o sorriso. Fecho a gaveta.
Tento me distrair.
Consigo me distrair. Esqueço.
Todo dia, eu esqueço. Tento, tenho que esquecer. E esqueço.
Amo outras coisas, outras pessoas, amo de verdade.
E destes amores, eu lembro.
Todo dia, eu lembro. Tento, tenho que lembrar. E lembro.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Passarinho

A boca que se cala
Outrem cala quando fala;
Passarinho que me canta,
Que alenta, que levanta
Minh'agitada alma;
Agora, doce e calma.

E eu, calado, fico a ouvir
O silêncio do mundo, turbilhão de pensamentos,
Em meio ao caos da loucura de meus intentos,
Quando me assalta o involuntário sorrir.

E eles não ouvem o passarinho,
Pois evacuam pelas bocas
Dejetos de mentes semi-ocas
E o deixam cantarolar sozinho;
Ó, ingênuo passarinho...

No entanto, passam as horas;
Tardes, noites passam,
Auroras,
E o passarinho lá está,
E suas notas se esvoaçam
Ao mesmo céu ao qual choras,
O mesmo a que ele chorará.

O mesmo a que ele irá sorrir,
O mesmo no qual irá sonhar;
Sonhando com algum dia por vir
Em que seu silêncio dará lugar ao cantar.