quarta-feira, 16 de junho de 2010

Formigas

Ainda é cedo quando, desperto,
Faço correr a tinta em papel.
As ideias me fogem, e miro de perto
Pequena formiguinha tateando ao léu.

Observo e percebo que tem companhia;
Uma e outra vêm vindo logo atrás dela.
Esqueci do poema pra ver aonde a fila ia,
E eis que ouço um berro e me volto à janela.

Não era comigo, mas bem podia ser;
Formiguinhas de lá pra cá,
De cá pra lá e de cá a aqui mesmo;
Nem sei mais o que vejo!
Tento saber aonde vão, que decerto é o formigueiro,
Mas elas vão e voltam, vão e não vão, voltam sem ter saído;
São sei lá o quê, são de tudo, mas não são o que são.
Terão coração? Sonharão? Imaginação?
Indo vão, sem direção, rente ao chão, elas vão,
Mas não vão. Voltarão, mas não vão.

Volto, pois, e elas se foram.
Pego a caneta, olho o movimento na rua.
Vou escrever sobre formigas.

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